ESTALAMOS

Fotografía de Javiera Manzi / Diseño de Lucía Bianchi

Evasão massiva. O grito dos estudantes secundários “evadir, não pagar outra forma de lutar” que desatou o estalido social no Chile não foi só uma rejeição à precarização da vida no país latino-americano mais profundamente marcado pelo neoliberalismo. Não apenas massifica, perturba e devolve como um boomerang, desde abaixo, a evasão impositiva impune dos que estão em cima. É a exaustão dos que permanecem atados à privação, amarrados a uma dívida impagável diante daqueles que detêm uma riqueza inimaginável. O estalido fugitivo, fora da lei, a raiva desatada que se multiplicou pelos túneis subterrâneos e pela superfície da cidade de Santiago e logo em outra e outra cidade por todo país, fez explodir uma via de escape, um portal de saída para o desacato que produziu um rompimento profundo e irreversível.

Denunciamos e repudiamos energicamente a decisão do governo chileno de colocar os militares nas ruas. Não há “incompetência” na atuação da direita no governo. É claro que a declaração do presidente decretando que o que ocorre no Chile é uma guerra, é recorrer a uma política de choque que já conhecemos, produzir um inimigo interno que permita dividir entre cidadãos bons e maus para justificar o terror, impor o medo, produzir morte. É a resposta de um governo que defende os interesses dos grupos econômicos através de políticas extrativistas, da privatização dos bens e serviços comuns, um governo que exerce cotidianamente violência ao reproduzir uma desigualdade estrutural que se tornou insuportável.   

Algo foi perfurado. Algo se desatou do mandato de ordem, fazendo-nos habitar um estado de desorientação que nos obriga a mover, que também se manifesta como solidariedade e alegria. Escuta-se um murmúrio ensurdecedor que é impossível já desescutar.

A desigualdade e a violência estrutural se replicam e retumbam na rebelião do povo kurdo, nos estalidos de resistência no Equador e Peru, em Barcelona, França, Hong Kong, Líbano, Porto Rico, Argélia, Indonésia, Sudão, Colômbia, Haiti, Honduras, de um modo que inquieta e nos permite tocar por um momento o exterior indomável das estruturas que habitamos e que nos habitam.  

Chamamos à solidariedade internacional para que nos manifestemos em frente a todas as embaixadas e consulados

Para repudiar toda forma de militarização e repressão

Para romper o cerco midiático

Nosso murmúrio será ensurdecedor NÃO+PORQUE SOMOS+

FORA O TEMOR

CAMPANHA GRÁFICA

Convocamos a uma campanha gráfica que permita difundir e dar visibilidade à informação, a modo de peças que possam ser descarregadas e ativadas em cada contexto frente à velocidade vertiginosa dos fatos

Dirigida a artistas, coletivos, amadores, interessados

Bases:

1 – Cada artista ou coletivo pode enviar a quantidade de um número ilimitado de imagens.

2 – A realização abarca todas as técnicas da gráfica contemporânea, incluindo impressão digital, técnicas combinadas, etc.

3 – Formato da obra: Se recomenda que sejam imagens de formatos de fácil impressão, resolução 300 dpi. Colorido ou preto e branco.

4 – As imagens devem ser enviadas por correio eletrônico a redcsur@gmail.com Acrescentando a ficha completa de dados do autor ou coletivo:

Nome do coletivo ou autor/a / País e cidade / Correio eletrônico / Título / Técnicas / Formato de impressão / Ano

5- As peças gráficas serão subidas na página da RedCSur para serem descarregadas. 

Tradução: Clara Albinati

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